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A história das escovas de dentes

Registros históricos revelam a origem e a evolução dos hábitos de higiene bucal

Muito antes de a Odontologia se consolidar como ciência, o cuidado com a saúde da boca já era uma preocupação presente nas antigas civilizações. A história das escovas de dentes acompanha essa trajetória e ajuda a entender como os hábitos de higiene bucal evoluíram ao longo do tempo.

“Odontologia e saúde bucal são conceitos recentes na história da humanidade, mas é fascinante perceber como, há milhares de anos, os seres humanos já demonstravam preocupação com a limpeza dos dentes”, destaca o vice-presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Nazareno Ávila.

Os primeiros registros de instrumentos semelhantes às escovas datam de cerca de 3.000 a.C., na Babilônia. Nessa época, eram usados gravetos, ramas e raízes com as pontas mascadas e desfiadas, formando estruturas parecidas com escovas unitufo. Um exemplo é o Miswak, obtido da planta Salvadora Pérsica, utilizado até hoje em diversas culturas.

“Essas raízes tinham filamentos que, ao serem umedecidos, funcionavam como cerdas macias. É possível encontrar réplicas desses instrumentos à venda na internet. Eles fazem parte da história da Odontologia e mostram como a preocupação com a higiene e a saúde da boca sempre esteve presente”, explica o cirurgião-dentista Camillo Anauate Netto, doutor em Odontologia pela USP.

No século 15, os chineses produziram escovas com cabos de madeira e cerdas de pelos de porco ou fibras vegetais. Mais tarde, essas cerdas foram substituídas por crinas de cavalo, mais macias. Os registros da época mostram que o material e o acabamento variavam de acordo com a classe social, com exemplares nobres feitos de prata, madrepérola ou madeira entalhada.

Em 1780, o britânico William Addis desenvolveu uma escova com cabo de osso e cerdas fixadas, considerada a primeira versão moderna do produto. Durante a Revolução Industrial, Addis passou a fabricar as escovas em grande escala. Já no século 20, com o surgimento do nylon e do plástico após a Segunda Guerra Mundial, as escovas começaram a se parecer com as que conhecemos hoje.

“Incrivelmente, foi um médico e não um dentista quem criou, em 1948, o protótipo das escovas atuais. Charles Cassidy Bass desenvolveu o modelo com cabeça pequena e cerdas macias de alta densidade, além de propor a técnica de escovação que leva seu nome e ainda é recomendada”, relata Anauate Netto.

No Brasil

As escovas de dentes só começaram a ser produzidas no Brasil em 1960. Até então, eram importadas e muitas vezes de baixa qualidade, com cerdas duras ou médias. A produção nacional representou um avanço importante para ampliar o acesso e melhorar a saúde bucal da população.

“Entre os anos 50 e 70, o país vivenciou importantes conquistas na área da saúde bucal, como a fluoretação das águas e a criação do Conselho Federal de Odontologia. A fabricação nacional de escovas surgiu nesse contexto de valorização da Odontologia”, pontua Nazareno Ávila.

Valor histórico

Camillo Anauate Netto destaca que, mesmo antes da criação formal da Odontologia como ciência — com a fundação do Baltimore College of Dental Surgery, em 1840, nos Estados Unidos —, os cuidados com os dentes já eram reconhecidos como importantes.

“Hoje sabemos que a remoção mecânica da placa bacteriana é o principal método para manter a saúde bucal. O creme dental é um coadjuvante. Essa é uma história que todo profissional deve conhecer”, afirma.

Segundo ele, apenas na década de 1970, com o fortalecimento da Periodontia no Brasil, os dentistas passaram a orientar a escovação ao menos três vezes ao dia com base em evidências científicas. “Antes disso, muitos acreditavam que perder os dentes fazia parte do envelhecimento. Hoje, felizmente, temos conhecimento, tecnologia e consciência para cuidar da saúde bucal desde cedo”, conclui.*Com informações do CFO.

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