A manutenção da saúde bucal, com foco na qualidade dos dentes, requer atenção em relação às práticas populares, aparentemente inofensivas.
Maus hábitos da vida cotidiana e modismos da Internet podem influenciar negativamente a saúde bucal. Eles devem ser evitados, sendo fundamental a conscientização da população sobre os riscos que essas práticas, à primeira vista inofensivas, podem representar para a cavidade oral e o bem estar geral dos pacientes.
O Sistema Conselhos de Odontologia, composto pelo Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais de todo país, reforça a importância de cuidados adequados para a constante preservação da integridade da boca. Por esse motivo, o programa CFO Esclarece, voltado à divulgação de informações orientativas e ao combate das fake news na Odontologia, listou 5 erros que não devem ser cometidos quando o assunto é saúde bucal.
“Muitas vezes, um ato impensado pode resultar em acidentes na boca, que levam a quadros clínicos com complicações bastante consideráveis. A população deve ser conscientizada sobre a prevenção de possíveis fraturas nos dentes e lesões em geral na cavidade oral”, destaca o secretário do CFO, Roberto de Sousa Pires, que é especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Pará.
Confira abaixo os 5 erros que devem ser evitados para uma boca mais saudável:
1 – Abrir garrafas ou rasgar embalagens
A utilização dos dentes em substituição a “ferramentas”, como abridores de garrafas ou tesouras para corte de embalagens, é um hábito equivocado que coloca em risco a saúde oral. Essas práticas podem resultar em trincas ou até mesmo fraturas nos dentes, a depender da força exercida. Esse risco aumenta caso a pressão incida em coroas ou restaurações. Além disso, no caso de materiais potencialmente cortantes, como as tampas de garrafa feitas de metal, há risco de lesões nos lábios ou na mucosa da boca.
2 – Palitar os dentes ou usar linhas e barbantes na limpeza interdental
A conselheira do Conselho Federal de Odontologia, Bianca Zambiasi, que é professora universitária e doutora em Odontologia com área de concentração em Dentística Restauradora, explica que, embora sejam popularmente conhecidos como “palitos de dentes”, esses produtos são destinados exclusivamente ao uso culinário. O mau hábito de “palitar” os dentes pode provocar acidentes e lesões na boca. Há ainda o risco de fragmentos de madeira ficarem presos entre as gengivas e os dentes, levando a casos de dor, inflamações e até a quadros mais graves com formação de abcessos.
Além do uso equivocado dos palitos de madeira para remoção de alimentos presos entre os dentes, também há casos de pessoas que usam linhas, barbantes ou outros produtos similares para, de forma improvisada, realizar a limpeza interdental. Porém, tal prática também não deve ser adotada, pelo fato de que esses materiais, além de não serem próprios ao uso odontológico, possuem espessura inadequada e podem machucar o tecido gengival.
“Hoje no mercado há uma infinidade de fios dentais e escovas interdentais com material e formato anatômico adequados. Portanto, é importante destacar que a higienização bucal deve ser feita exclusivamente com produtos odontológicos devidamente regulamentados, que são completamente seguros para uso dos pacientes”, pontua a conselheira federal Bianca Zambiasi.
3 – Usar aparelhos falsos ou piercings e joias dentais sem procedência
Em razão dos modismos da Internet e das redes sociais é comum que as pessoas, especialmente nas faixas etárias mais jovens, usem na boca os mais diversos produtos com finalidade exclusivamente estética. O problema é que muitos deles são irregulares. Entre os mais perigosos estão os aparelhos ortodônticos falsos, que podem causar problemas de mastigação, reações alérgicas, movimentações dentárias incorretas e até perda óssea ou dos próprios dentes.
Outra situação que deve ser evitada é a utilização das chamadas joias dentais compradas na Internet sem informações técnicas ou de procedência. O uso desses produtos é arriscado uma vez que não há conhecimento sobre a composição do material de que são feitos. Caso sejam fabricados com metais de baixa qualidade, há risco de oxidação quando em contato com a saliva.
Já os piercings são pequenas peças de strass coladas ao dente. Embora mais inofensivos, seu uso também requer cuidados, uma vez que o processo de fixação na superfície dental, se feito de forma errada e com produto abrasivo, pode gerar algum prejuízo de longo prazo. Desta forma, é importante que a fixação seja feita em consultório por um cirurgião-dentista.
4 – Fazer clareamento dental caseiro
Entre os maiores erros cometidos está também o uso de clareadores dentais sem orientação profissional. A conselheira federal Bianca Zambiasi destaca que, quando feito de forma adequada, o clareamento é completamente seguro para o paciente maior de 18 anos. Porém, sem o acompanhamento de um cirurgião-dentista, há riscos significativos. “É um processo que, se for mal conduzido, pode levar a prejuízos gravíssimos ao paciente, incluindo danos ao dente, gengiva, tecidos moles e até mesmo a garganta”, alerta a cirurgiã-dentista.
5 – Uso inadequado dos produtos de higiene oral
O CFO esclarece ainda que o mau uso dos produtos de higiene bucal também pode provocar danos à saúde da boca. A escovação errada, com escovas de cerdas duras ou uso de força exagerada, pode provocar retrações gengivais graves. Além disso, os pacientes devem utilizar creme dental na quantidade adequada e com baixa abrasividade, para que não prejudiquem os dentes a longo prazo. Deve-se lembrar ainda que os enxaguantes bucais não são produtos de uso diário, devendo ser consumidos apenas com indicação de um cirurgião-dentista.
Orientação profissional é o melhor caminho
Para finalizar, o secretário do CFO, Roberto Souza Pires, destaca que as ações de prevenção e proteção da saúde bucal exigem orientação profissional. “A mensagem mais importante que deixamos à população é sobre a importância das consultas regulares ao cirurgião-dentista, que é o profissional capacitado para realizar os procedimentos odontológicos com segurança e ainda para fornecer aos pacientes todos os esclarecimentos necessários a uma saúde bucal de qualidade”, conclui.
*Com informações do CFO.