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A importância do pré-natal odontológico para mães e bebês

Neste 15 de agosto, Dia Nacional da Gestante, o Sistema Conselhos de Odontologia evidencia a relevância do cirurgião-dentista no chamado “intervalo de ouro”, que vai desde o início da gestação até os dois anos da criança.

A gestação faz parte de um momento extremamente importante para mães e bebês, que requer cuidados especiais em várias áreas. Os primeiros mil dias de vida, que vão desde o início da gravidez até os dois anos da criança, são chamados de “intervalo de ouro”, uma vez que neste período cerca de 80% dos genes da criança podem ser influenciados pelos fatores epigenéticos, ou seja, externos.  Entre essas questões influenciadoras está a saúde bucal.

Por este motivo, neste Dia Nacional da Gestante, o Sistema Conselhos de Odontologia, composto pelo Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais de todo país, destaca a importância do pré-natal odontológico para o bem-estar geral de mães e bebês.

No Brasil, todas as gestantes atendidas na rede pública de saúde possuem direito ao acompanhamento odontológico. Ele foi garantido por meio do Plano Nacional de Garantia do Pré-Natal Odontológico no Sistema Único de Saúde (SUS), que foi lançado em 2022 pelo Ministério da Saúde e consiste em um conjunto de ações cujo objetivo é permitir que todas as gestantes assistidas no pré-natal tenham o encaminhamento correto ao atendimento odontológico, como etapa de rotina no acompanhamento da gestação.

A conselheira federal do CFO, Sandra Regina Pereira Silvestre, doutora em Odontopediatria e especialista em Ortodontia, esclarece que o pré-natal odontológico tem os objetivos de prevenir e tratar doenças bucais, promover a educação em saúde bucal e orientar as gestantes sobre os cuidados orais adequados para si e para os bebês. Essas ações são voltadas à promoção do bem-estar materno e à garantia do bom desenvolvimento das crianças.

“Da mesma forma que passam pelas consultas médicas, é fundamental que as gestantes também façam o pré-natal odontológico. O cirurgião-dentista fará ações de orientação e prevenção, com foco mais específico no combate às infecções orais e à doença cárie. Ele também desenvolverá um plano de tratamento eventualmente necessário. O objetivo será sempre manter uma boa condição de saúde bucal da mãe para que seja assegurada também a saúde integral do bebê”, complementa.

A cirurgiã-dentista Sandra Echeverria, mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pelo Mackenzie e especialista e doutora em Odontopediatria pela APCD e pela USP, explica que o pré-natal odontológico, realizado pelo cirurgião-dentista durante os primeiros mil dias, atua fortemente na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis em idade adulta.

Esse conceito é baseado na teoria DoHaD, a chamada teoria desenvolvimentista da saúde e da doença, que demonstra que a prevenção às doenças crônicas não transmissíveis que vão se desenvolver durante toda a vida do indivíduo, até a idade adulta, começa nesses primeiros mil dias de vida e mais especificamente no período intraútero. Entre essas patologias podemos citar asma, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, doença cárie e doença periodontal”, explica a odontopediatra.

Prevenção e cuidados com mães e bebês

O melhor momento para se iniciar o pré-natal odontológico é logo no início da gravidez, sendo ele dividido em duas etapas. A primeira é chamada de autocuidado, voltada aos cuidados com a mãe, que pode ser iniciada já a partir da descoberta da gestação. Nesse período, o cirurgião-dentista vai orientar a gestante sobre uma rotina adequada de higiene bucal no período gestacional e sobre as principais alterações passíveis de ocorrer na cavidade bucal, deixando claro que existem algumas de origem fisiológica e outras não fisiológicas, que requerem atenção para busca de ajuda profissional. 

Ainda nessa etapa do autocuidado é realizado o exame odontológico da gestante com obrigatoriedade de rastreamento da doença periodontal. Isso ocorre porque existe uma relação entre as infecções orais e complicações obstétricas, como parto prematuro, bebê com baixo peso no nascimento e principalmente o risco de a gestante desencadear pré-eclâmpsia, um tipo de hipertensão gestacional considerada grave e que pode levar ao óbito da mãe e do bebê.

A segunda etapa do pré-natal odontológico inicia-se na 32ª semana de gestação e o foco passa a ser o bebê, com orientações à mãe em relação aos cuidados bucais após o nascimento. Conforme indicação da Associação Brasileira de Odontopediatria (ABOPED), os primeiros cuidados com a Saúde Bucal do bebê começam ainda no período gestacional. Caso, por algum motivo, não seja possível que a mãe passe pelo pré-natal odontológico, a primeira consulta ao cirurgião-dentista deve acontecer na época da irrupção do primeiro dente de leite, não ultrapassando o primeiro ano de vida. 

Tratamento odontológico X gestação

Muitas vezes, as pessoas possuem a ideia equivocada de que mulheres grávidas não podem realizar tratamentos odontológicos ou que só podem ser atendidas no segundo trimestre da gestação. Porém, esse é um mito que vai na contramão das evidências científicas e deve ser combatido. O CFO esclarece que as gestantes podem e devem realizar o tratamento odontológico em qualquer fase gestacional.

“Infelizmente, no Brasil, é comum nos deparamos com a divulgação de conceitos falsos que desestimulam o pré-natal odontológico. Além disso, ainda lidamos com a crença equivocada, por parte das próprias gestantes, de que a cada gestação correm o risco de perder um dente ou que não poderão tomar anestesia ou fazer raio-x. Esse é um problema sério e que só pode ser combatido com orientação”, complementa a cirurgiã-dentista Sandra Echeverria.

É importante evidenciar que o atendimento pode ser realizado a qualquer tempo, sendo ideal que o pré-natal odontológico seja iniciado o quanto antes para prevenção a possíveis estressores ambientais ligados à saúde bucal da gestante. Entre eles estão, por exemplo, infecções na cavidade bucal, quadros de dor, além de dificuldades para dormir ou alimentar-se bem em razão de um problema dentário não tratado.

Outro benefício da realização do tratamento odontológico nas fases iniciais da gestação é o maior conforto da gestante no posicionamento da cadeira na clínica odontológica. Deve-se observar que nas últimas semanas, quando o bebê está muito grande, há risco de compressão dos vasos abdominais quando a paciente está em posição supina (horizontal) na cadeira.

“Há o risco de ocorrer uma síndrome da veia cava, que é quando a veia cava é comprimida e interfere na circulação da gestante, podendo levar a uma síncope. Entretanto, para evitar que isso ocorra, o cirurgião-dentista pode colocar uma almofada do lado esquerdo, inclinando a barriga da gestante para o lado direito, e assim realizar o tratamento normalmente”, afirma Sandra Echeverria.

Além disso, caso haja necessidade de prescrição de medicamentos no pré-natal odontológico, o cirurgião-dentista vai seguir os principais protocolos terapêuticos indicados para garantir a segurança da mãe e do bebê. Deverão ser observadas as premissas da Food and Drug Administration (FDA), que possui um manual de drogas para gestante e para lactação, com a classificação dos fármacos de maneira geral e de todos aqueles utilizados na Odontologia.

Saúde bucal do bebê

Estudos científicos apontam que crianças cujas mães realizaram pré-natal odontológico tiveram um efeito protetivo para a cárie da primeira infância até completarem quatro anos de idade. Ou seja, além de todos os benefícios de prevenção de doenças crônicas não transmissíveis na idade adulta, o acompanhamento pelo cirurgião-dentista também após o nascimento beneficia a criança em relação ao controle da doença cárie.

O profissional vai conscientizar a gestante sobre a importância do aleitamento materno para o desenvolvimento orofacial dos bebês e destacar que a ingestão das fórmulas infantis usadas nas mamadeiras são fatores de risco para cárie. A indicação da Organização Mundial de Saúde é para que a sacarose seja oferecida à criança somente a partir do segundo ano de vida, o que também diminui o risco para cárie. A mãe ainda será orientada a não realizar a introdução de bicos artificiais, que podem ter relação com desmame precoce.

Durante o pré-natal odontológico também serão realizadas instruções sobre os cuidados a serem tomados antes da irrupção do primeiro dente do bebê. O profissional vai explicar que não se deve usar colar de âmbar, artefato que não possui evidência científica e ainda pode colocar em risco a vida da criança pela possibilidade de asfixia. Também não devem ser aplicados anestésicos tópicos nas gengivas dos bebês quando da erupção dentária, pois há risco de superdosagem de medicação e até óbito. Os cirurgiões-dentistas também atuam sobre anomalias bucais e questões como a do frênulo lingual, entre outras.

A importância da Odontologia para mães e bebês

O CFO destaca a importância da Odontologia e do pré-natal odontológico para que as futuras gerações sejam beneficiadas com melhores índices de saúde bucal e redução da cárie. A conselheira federal Sandra Silvestre destaca que a instituição do Plano Nacional de Garantia do Pré-Natal Odontológico no Sistema Único de Saúde (SUS) foi avanço importante nesse sentido, garantido às gestantes o direito ao atendimento odontológico na rede pública de saúde.

“O cirurgião-dentista tem papel fundamental no atendimento gestacional, sendo a Odontologia uma das áreas essenciais para a proteção da saúde de mães e bebês. Por isso, nesse Dia da Gestante, trazemos a mensagem de que toda mulher deve ter acesso às consultas de pré-natal odontológico assim que descobrir a gravidez. Dessa forma, garantimos sorrisos mais saudáveis no presente e no futuro”, finaliza a conselheira do CFO, Sandra Regina Pereira Silvestre.

*Com informações do CFO.

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