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CFO Esclarece: Entenda os impactos do diabetes na saúde bucal dos pacientes

Atlas de Diabetes da IDF (International Diabetes Federation) mostra que 16,6 milhões de brasileiros, com idades entre 20 a 79 anos, convivem com o diabetes; pacientes precisam ter cuidados especiais com a saúde oral

Nesta quinta-feira, 26 de junho, é comemorado o Dia Nacional do Diabetes, data instituída pelo Ministério da Saúde com o objetivo de conscientizar a população de todo país sobre a importância da prevenção e do controle da doença. Quando mal controlado, o diabetes pode acarretar complicações renais, problemas arteriais, amputações, cegueira, infecções por fungos e bactérias e, em casos mais graves, levar à morte. O programa CFO Esclarece alerta que também são fortes os impactos desta patologia na saúde bucal dos pacientes. Por esse motivo, o Sistema Conselhos de Odontologia destaca a importância das orientações sobre a relação do diabetes com a saúde oral.

Diabete Mellitus é uma síndrome metabólica de origem múltipla decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos. A insulina é produzida pelo pâncreas e é responsável pela manutenção do metabolismo da glicose, sendo que a baixa produção desse hormônio resulta no surgimento do diabetes, que caracteriza-se por altas taxas de açúcar no sangue de forma permanente.

Por conta da circulação sanguínea prejudicada e de uma resposta imunológica comprometida, associada à menor produção de saliva nos pacientes, o diabetes tem uma grande influência na saúde bucal. As pessoas com a doença se mostram mais propensas a serem acometidas por problemas como gengivite, cárie, infecções, perda óssea e halitose. O Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais de todo país esclarecem que as chances de os problemas aparecerem aumentam principalmente se o diabetes não estiver controlado.

“Os pacientes com diabetes devem respeitar o tratamento e manter uma boa rotina de cuidados de saúde em geral, o que inclui visitas periódicas aos consultórios odontológicos. O cirurgião-dentista poderá diagnosticar e tratar, de forma precoce, os problemas bucais dos pacientes diabéticos, garantindo que possam gozar de uma boa saúde bucal permanentemente. O importante é não deixar que as condições se agravem. A prevenção é o melhor caminho para uma saúde oral de qualidade”, destaca o Vice-Presidente do CFO, Nazareno Ávila.

Problemas bucais em pacientes diabéticos

A Cirurgiã-Dentista e Mestre em Estomatologia, Fabiana Quaglio, ressalta que as oscilações da glicemia no organismo do paciente diabético podem acarretar diversos impactos negativos na saúde bucal, incluindo quadros graves que podem levar à perda dentária. Muitas dessas condições são motivadas pela menor produção de saliva, associada à baixa imunidade dos pacientes diabéticos, que aumenta a possibilidade de surgimento da cândida oral e outras infecções.

“A xerostomia é a diminuição da quantidade de saliva produzida pelas glândulas salivares na mucosa oral, levando o paciente à sensação de boca seca. Esse fator decorrente do diabetes juntamente com a má higiene oral, leva ao aumento e proliferação bacteriana e fúngica na cavidade oral. Nesse contexto, aumenta-se a probabilidade de surgimento da candidíase oral. Além disso, a gengivite causada pela má higiene oral pode evoluir para a periodontite, que é uma grave infecção da gengiva e que, sem tratamento adequado, pode levar a perda dos dentes”, esclarece Fabiana Quaglio, que é Coordenadora Científica da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas (ABCD) e Membro da Comissão da Mulher do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).

As infecções fúngicas causam manchas brancas ou avermelhadas na boca, sendo que as lesões podem surgir em áreas como língua, lábios, bochechas e gengivas.  Ainda em razão da diminuição de saliva e do consequente aumento da proliferação bacteriana e fúngica na boca, pode haver maior formação de tártaro e placa bacteriana e assim uma probabilidade aumentada para a formação de cáries. O paciente diabético também pode enfrentar a halitose, que ocorre quando o hálito é caracterizado pelo odor cetônico, um cheiro característico de acetona.

Neuropatia Periférica Diabética

As pessoas com diabetes também podem ser acometidas pela Neuropatia Periférica Diabética, a NPD. Os principais sintomas orais são xerostomia, hipossalivação e Síndrome da Ardência Bucal (SBA), ou em inglês, Burning Mouth Syndrome. A doença pode provocar, como o nome já sugere, uma sensação de ardência ou queimação na mucosa oral “como se o paciente tivesse comido pimenta”, afetando a capacidade de percepção de sabores e impactando de maneira significativa a alimentação e a qualidade de vida.

“Essa síndrome manifesta-se sem alterações visíveis. O paciente sente ‘pequenos choques na língua’ ou na mucosa oral e para regular essa sensação é necessário controlar o diabetes e realizar um tratamento multidisciplinar”, explica Fabiana Quaglio.

A Odontologia no diagnóstico e tratamento de doenças associadas

Para prevenir e minimizar os possíveis impactos do diabetes na saúde bucal, o paciente deve manter o controle dos níveis adequados de glicose no sangue, consultar regularmente a equipe médica que o acompanha no tratamento, seguir uma rotina criteriosa de alimentação saudável e higiene oral e, ainda, consultar o seu cirurgião-dentista regularmente. Embora não atue diretamente no tratamento do diabetes, o profissional faz o diagnóstico e tratamento das complicações e manifestações decorrentes da doença na cavidade bucal.

“Os atendimentos em saúde bucal não vão ajudar diretamente a controlar a glicemia, mas contribuem para a saúde geral do paciente, uma vez que podem colocar fim a processos inflamatórios ou infecciosos na boca. A glicemia do paciente vai ser controlada com o adequado tratamento e acompanhamento médico, que pode ser feito por terapias medicamentosas e, especialmente, com qualidade de vida, bons hábitos alimentares e uma rotina de exercícios físicos”, esclarece a cirurgiã-dentista Fabiana Quaglio.

O cirurgião-dentista também pode contribuir no diagnóstico da doença, uma vez que grande parte dos pacientes diabéticos desconhecem o próprio quadro clínico. O mais recente Atlas de Diabetes da IDF (International Diabetes Federation), divulgado em 2025, apontou que 11,1% da população mundial, ou seja, 1 em cada 9 pessoas adultas em todo o globo vive com diabetes, sendo que 4 em cada 10 desconhecem sua condição.

“Ao identificar quadros clínicos recorrentes e comumente provocados pelo diabetes, o cirurgião-dentista poderá encaminhar o paciente ao atendimento especializado, de forma que o diagnóstico possa ser investigado. Isso vai garantir o tratamento adequado e consequentemente, mais saúde e qualidade de vida para a pessoa diabética”, conclui Fabiana Quaglio.

O diabetes em números

As projeções do Atlas de Diabetes da IDF (2025) mostram que até 2050, 1 em cada 8 adultos, aproximadamente 853 milhões, terá a doença, que representa um aumento de 46%. O levantamento indica também que o Brasil possui 16,6 milhões de pessoas diabéticas, com idades entre 20 a 79 anos com diabetes. O número coloca o país na sexta posição no ranking global de nações com mais casos da doença.

*Com informações do CFO.

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